PUNKS ENTREVISTA: RIKO VIANA
O músico carioca Riko Viana, que é um dos artistas presentes no catálogo da Punks, conversou com a gente sobre sua carreira e as mudanças que ela teve ao longo dos anos e divulgou também seu novo single, No Amasso. Se liga no papo abaixo e também ouça a música!
Quando observa-se a trajetória de um artista musical, é possível notar várias mudanças – drásticas ou não – ao longo do tempo. Nós achamos que em relação a seu trabalho, já é notório nos últimos lançamentos um tom bem diferente dos primeiros a que tivemos acesso, em 2016. Você vê dessa mesma maneira? O que se destaca, na sua opinião, no que você canta e compõe atualmente?
Minha arte é reflexo da minha existência, e estar vivo é uma constante mudança. Muitos fatores me fizeram chegar até a estética e mensagem do meu trabalho atual, mas o principal, foi um episódio de xenofobia que sofri, no final de 2016 em botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. Uma velha daquelas bem corocas me chamou de nordestino, em tom pejorativo. Eu não sei nem descrever em palavras a sensação que aquilo me causou. Sabe quando você fica 2 segundos dentro do seu cérebro se perguntando “isso tá acontecendo mesmo?” Fiz o maior barraco possível dentro do supermercado. Quando passei os produtos, a senhora que trabalhava como atendente no caixa, nordestina, disse que já estava cansada de ver gente como a tal “velha-zona sul”, mas que poucos reagem. Aquilo me mudou. Sou carioca, descendente de nordestinos, e tenho muito orgulho disso. Tem sangue e suor nordestino em cada canto desta cidade. Mergulhei na minha ancestralidade, e busquei sonoridades de lá para mesclar com sonoridades contemporâneas.
“A Distância do Coma”, faixa do meu segundo EP e minha primeira música a conseguir um sync com a PUNKs, já reflete um pouco dessa busca.
Meu novo trabalho, traz a mistura do Tecnobrega, guitarrada, ritmos latinos, com o rap, e a cultura hip-hop. Eu chamo esse novo gênero de “BregaHop”. Letras sobre vivência LGBTQI+ de periferia, e favela. Exaltação ao candomblé, a Umbanda e a cultura nordestina. Em tempos tão tenebrosos como este que estamos vivendo aqui no Brasil, meu objetivo é empoderar a cultura candomblé, lutar contra a intolerância religiosa que assola nosso país, e mostrar a vivência de um artista pansexual, orgulhosamente descendente de nordestinos, da periferia e das favelas da zona oeste do Rio de Janeiro. Inhoaíba, Barbante, Vilar Carioca, Rio das Pedras, Favela do Aço, Cosmos. Trazer um novo olhar para essas regiões de cultura tão rica, mas tão invisibilizada
Para você, há uma diferença entre compor uma música para palco e compor visando o sync? Qual?
Penso que quanto mais verdadeira a coisa fica, mais chances de sync o artista vai ter. Acredito que a pessoa que está ouvindo, que está selecionando a música, busca a combinação de qualidade técnica e relevância.
Um desafio Punk: Se você apresentasse um programa de entrevistas na TV e pudesse escolher três faixas para compor a trilha sonora, quais você escolheria?
1 – Jeza Da Pedra – Sai Que Tu É Mó Bad
2 – Rosa Neon – Ombrim
3 – BaianaSystem – Bola de Crsital
Sobre No Amasso
Misturei o novo tecno brega com rap, cultura hip-hop. Chamo esse novo gênero de “BregaHop”. A letra fala sobre liberdade sexual e liberdade da sexualidade. Pra somar na faixa comigo, chamei o amigo Jeza da Pedra, primeiro rapper assumidamente gay da cena.
Ouça aqui.