PUNKS ENTREVISTA: LUIZ BUENO
Nascido em 1951, o paulistano Luiz Bueno tem formação de arquiteto e iniciou profissionalmente na música ainda aos 14 anos de idade tocando em conjuntos de baile, participando de concursos e festivais como compositor e instrumentista. Em 1978 criou com Fernando Melo o duo de violões DUOFEL.
Na qualidade de produtor cultural criou em Joinville o Joinville Jazz Festival com oito edições, projeto este que modificou a cena musical na cidade e no Estado de Santa Catarina.
No início dos anos 2000 iniciou sua caminhada pelos caminhos da Expansão da Consciência com o grupo de estudos de Renata Rocha, estudos de Física Quântica com Gabriel Guerrer.
Por dez anos foi palestrante na renomada Amana-Key, para formação de líderes empresariais.
Seu trabalho musical é referência internacional em violões e recentemente iniciou estudos em instrumentos orientais.
Luiz, dizem que você é um artista lúdico, que gosta de caçar cometas. Como esse estilo se expressa nas suas composições? Como você definiria sua música para quem nunca ouviu?
Minha tia Ziza, costuma dizer para minha mãe desde muito pequeno: “O Luiz é muito original” e minha originalidade cresceu comigo a tal ponto de meus amigos músicos como André Christovam chegaram a dizer; “Luisão gosta de caçar cometas e tudo o que ele sonha se transforma em realidade”. André e tia Ziza têm razão. Eu gosto do novo, do inusitado, da originalidade, então na música faço meu playground, eu experimento, sem receio do resultado, buscando novas sonoridades, como em “Um Sopro Para a Alma”, onde a Dilruba Indiana se mistura com o Ukulele Barítono – instrumentos típicos de suas regiões, Índia e Hawai, num encontro sonoro inusitado.
Experimento o eletrônico, o pop, a música de conexão, o jazz, o brejeiro, enfim todas as músicas que me tocam, eu toco e gravo. Atualmente estou me dedicando a um estilo que estou chamando de Música no Fluxo, criando o tema no estúdio, na hora….
Quantos anos você tem de carreira? Fala pra gente sobre como você enxerga suas mutações nesse ofício do início até hoje.
Foram 42 anos com o DUOFEL, dueto de violões, ao lado de Fernando Melo, mas bem antes tocava nos conjuntos de bailes dos anos 60 e isso são mais de 50 anos fazendo música! Sou autodidata e sempre me interessei pela parte mais POP, quanto a estilo musical. Gosto das guitarras elétricas e instrumentos de cordas em geral e, ao mesmo tempo, busco constantemente me aperfeiçoar tecnicamente.
Hoje, aos 70 anos de idade, tenho diversos projetos simultaneamente com parceiros muito mais jovens, o que impulsiona minha criatividade.
Minha estrutura criativa está apoiada na transdisciplinaridade (Arte, Ciência e Espiritualidade), o que me mantém com a mente e alma abertas para a criação.
Nessa pandemia, você tem feito uma música a cada 27 dias. Isso foi algo decidido por você ou que foi acontecendo? De que forma essa frequência afeta o seu som?
Tomei conhecimento de que o algoritmo do Spotify havia mudado e pensei que os lançamentos deveriam ser em singles a cada 27 dias. Para mim faz sentido, pois atualmente percebo que, nas mídias sociais, ninguém gasta mais do que 60 segundos com seja ja lá o que for, então, fui percebendo a mudança no padrão geral na relação musica/ouvinte. Durante a pandemia já lancei 9 singles e 1 álbum com sete tracks.
Comente um pouco sobre como você relaciona o papel da música independente para trilhas sonoras de grandes filmes, emissoras de TV e marcas. E vice-versa: qual papel elas têm no suporte ao artista independente hoje.
A música Independente surgiu no final dos anos 70, quando o mercado era totalmente dominado por grandes empresas, na maioria multinacionais, e iniciar uma carreira era quase um bilhete premiado de loteria. Fiz parte deste movimento com o DUOFEL, participando ativamente deste mercado independente e foi aí que entendi o leque que a música possibilita àqueles mais criativos.
Sincronização é hoje um dos grandes pontos de receita. A economia de um músico independente é a mesma da galinha; de grão em grão, enche o papo.
A pandemia está trazendo uma nova realidade para os criadores e toda as cadeias produtivas, a hora é de atenção e alerta.
Pra você, o que é a música brasileira hoje?
A música sempre será algo necessário aos seres humanos. E nosso país é de uma grandeza musical ímpar, isso faz com que nossa música se renove a cada instante. Se, por um lado, não temos a excelência de uma multinacional, por outro, temos a expressão de novidades, o novo mundo.
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Spotify: Luiz Bueno / Duofel
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