PUNKS ENTREVISTA: LUIZA CASPARY
Luiza Caspary é uma cantora, compositora, atriz e locutora, que já deu voz a vários personagens e peças publicitárias. Um lance muito legal sobre sua carreira é o pioneirismo em ter todo seu trabalho acessível para pessoas com deficiência, com seus clipes tendo tradução em libras. Foi sobre isso que falamos em nossa entrevista com a Luiza, além de saber mais sobre o seu último trabalho, o disco Mergulho, que saiu em 2019.
Confira esse papo abaixo!
1. Seu último álbum, Mergulho, lançado em 2019, veio acompanhado de clipes para todas as músicas com tradução para Libras. Nitidamente, a acessibilidade é uma questão importante para você. Como surgiu essa ideia? Você acha que ela deve ser encarada como um diferencial ou uma iniciativa a ser espalhada e adotada por todos os artistas?
Esse trabalho com acessibilidade começou em 2011, primeiramente focando na população com deficiência visual, onde lancei o primeiro videoclipe com Audiodescrição do Brasil, O Caminho Certo, ideia que partiu a partir do momento em que minha mãe começou a estudar o recurso e trazer essa paixão pra dentro de casa. Logo em seguida foi como se tivesse virado uma chave e eu tivesse passado a considerar todos, então pensei nos surdos, como eu poderia fazer pra músicas chegarem até eles, aos poucos comecei a incluir intérprete de Libras nos shows, e neste último trabalho, consegui realizar o sonho de compartilhar um álbum inteiro acessível a quem não pode me ouvir, mas pode sentir… Tenha certeza que não quero que isso seja exclusivo a mim, sou precursora disso mas meu maior desejo é que cada vez mais artistas pensem seus trabalhos dessa forma, permitindo que chegue à TODOS.
2. As canções de Mergulho nos parecem cheias de significado. Letras e melodias nos remetem a descobertas e autoconhecimento. Era essa a intenção? O álbum corresponde a um novo momento da sua carreira?
Mergulho é meu segundo álbum autoral, um desabafo sobre a saudade, o luto, a solidão e a busca para saída dessas sensações na lembrança do amor que já é nosso por essência. Ele mescla canções recentes, com algumas escritas há 15 anos. O fato é que ele foi gravado durante um período de luto muito profundo pra mim, que uniu a morte da minha avó com o término de um casamento de 10 anos.
3. Mergulho tem várias canções em parceria com outros cantores, você também fez shows recentemente com a banda SCALENE e sempre fala sobre suas trocas com amigos em suas redes sociais. Conta pra gente como têm se dado esses encontros e o que representam para sua música.
Sim, Mergulho tem praticamente metade do número total de faixas com participações especiais de artistas que amo e admiro como Jair Oliveira, Juliana Strassacapa, Estevão Queiroga, Necka Ayala e Gabriel von Brixen. Tenho cantando com Scalene e Francisco el Hombre, bandas que realmente consumo e sou amiga, assim como Dani Black, Rhaissa Bittar, entre outros… esses encontros não se dão apenas no palco mas também em encontros informais na minha casa, como saraus, jantas, inventamos motivos pra estar juntos pois no fundo a gente quer compartilhar a vida e sair do isolamento digital que somos convidados constantemente a ficar.
4. A Punks também acredita nos encontros. Por isso, nos importamos em conectar produtores a artistas independentes. Você acha que é mais difícil para um artista independente emplacar uma música no cinema ou na TV? Se existe essa barreira, como podemos desconstruí-la?
Nós, artistas independentes, temos mais dificuldade para fazer nosso som chegar a um número grande de pessoas, pois não temos recursos financeiros pra alcançar a massa através de jabá em rádios e uma mídia impulsionada constantemente, portanto tudo se desenrola por um caminho mais orgânico e espontâneo. O meio pelo qual já tive músicas minhas como parte da trilha sonora de filmes, séries e programas de tv, foi através da Punks, ou por circular também pelo meio do cinema, onde produtores e diretores conhecem meu trabalho e tem acesso direto à mim.
5. Na série da sua vida, quais seriam as três principais músicas da trilha sonora?
Sinais (Luiza Caspary);
Desnudar de Tudo (Dani Black) – que nem foi lançada ainda;
Don’t Start Now (Dua Lipa) – porque uma popzera eu amo dançar.