PUNKS ENTREVISTA: ZÉ ED
Zé Ed é um músico paulistano que começou no mundo da música ainda adolescente. Em 2016 lançou seu primeiro disco e também é o co-fundador e puxador do bloco Tarado Ni Você, um dos mais disputados do carnaval de rua de São Paulo.
O Zé é um dos nossos artistas parceiros na Punks e conversou com a gente sobre esse ano tão atípico que tem sido 2020 e como ele vem usando a música para criar trocas de afeto e surpresas nessa conexão entre artista e público.
“Adote o Artista” é um projeto que surgiu por conta da pandemia de Covid-19 que estamos atravessando. A premissa é promover uma rede de arte e afeto, a partir de lives com performances de artistas da música. Qual a principal diferença entre uma live aberta e uma exclusiva do Adote?
A live com Adote o Artista, é pessoal. Geralmente acontece via WhatsApp, onde artista e público podem se ver. A troca é bem diferente das lives onde os artistas não veem o público e público não se sentem vistos.
Os resultados/encontros proporcionados pelo projeto têm cumprido seu propósito?
Sim, os encontros são bem emocionantes. Existe uma troca muito afetuosa entre artista e público e também um clima de surpresa, pois quem recebe a chamada na maioria das vezes ainda não conhece o artista, nem a música que ele vai escolher. Isso cria um ambiente muito propício pra essa troca, que é nosso principal objetivo: Ampliar a rede do artista.
Conta pra gente sobre algum encontro específico que marcou o Adote O Artista.
Cantamos pra um senhor de 80 anos que disse que há muitos anos não parava pra ouvir uma música do começo ao fim. Tinha sempre outras distrações. A chamada de vídeo pessoal fez ele ficar presente. Isso é algo que acontece muito nas chamadas. As pessoas param pra contemplar uma música.
A gente, aqui da Punks, já conhece o Zé compositor, cantor e produtor há alguns anos. Agora, com influências de um ano atípico e muito desafiador, o que tem aflorado em você e na sua música, Zé? Quais carnavais serão possíveis daqui pra frente?
Nossa! Essa é uma questão ainda em aberto. Tenho escrito letras novas e estou produzindo duas canções que nasceram na quarentena e refletindo muito sobre as transformações desse tempo.
O carnaval também ainda não sabemos exatamente como vai se dar, mas eu espero que a reclusão nos faça ter menos pudor ainda. Tem um relato do Nelson Rodrigues que o carnaval depois da gripe espanhola foi um desbunde só. Acho inspirador que reavaliemos tudo o que temos feito até aqui!
Por fim, nós nos propomos a estabelecer elos entre os artistas independentes e grandes produtores audiovisuais. Como você enxerga o papel desses contratantes para a indústria da música nesse momento? Como pode ser essa relação de suporte, troca e reinvenção?
O papel desses contratantes reflete também o papel da sociedade inteira. A consciência de que nós devemos manter a cultura viva.
Especialmente nesse momento o suporte deveria ser ainda mais dinâmico, e inclusivo, estimulando a produção dos artistas e os contratantes tendo ainda mais material de qualidade e diversidade pra suas produções.
É preciso que haja mais diálogo das necessidades de quem contrata e quem produz. A gente precisa conversar mais sobre esses meios de produção. O Montante de lives, talks, mesas que surgiram mostram a carência de diálogo que temos. Na indústria da música não é diferente. Um boa conversa sempre abre caminhos.